quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma cidade sem lei

A ultima vez que estive em Juiz de Fora,ja ha alguns anos, senti uma coisa esquisita: havia uma ou duas ruas centrais muito movimentadas,( com tudo que uma grande metropole tem direito: engarrafamento, onibus e caminhoes soltando muita fumaca, barulho de buzina , anuncios acumulados nas fachadas...) mas, se olhassemos por uma greta entre as construcoes , como eu fiz, havia la atras daquilo tudo uma paisagem bucolica ,com vacas pastando.Como eu relaciono tudo em minha vida com o cinema ( desde menino,portanto bem antes do " Beijo da Mulher Aranha") associei aquilo a um cenario de Hollywood com aquelas casas de faroeste que so tem fachada e que ,"nonada", escoradas por tras , serviam de fundo para aqueles justiceiros e redentores duelos ao entardecer. Ja pensou no titulo do filme:"O homem que matou o fascinora na Manchester mineira"? Ou, um paradoxo,"Juiz de Fora, a cidade sem lei?"
Existe ou existiu , sim,uma rixa entre Belo Horizonte e esta cidade que,todo mundo sabia, se achava mais carioca que mineira. Fazia parte das intrigas tambem o fato de ,dizia-se, eles acharem que tinham mais condicao de ser a capital do Estado de Minas Gerais.Toda oportunidade que havia a gente fazia uma brincadeira; Humberto Werneck, o brilhante escritor e jornalista, tem em seu curriculo ( feito nao por ele mas por seus admiradores desde o Colegio Estadual Central) um caso que eu adoro e torco para que tenha, reamente ,acontecido: a caminho do Rio, partindo de BH, parou na esquina mais movimentada da internacionalmente famosa rua Halfeld e , vendo um grupo de pessoas conversando, pos a cabeca para fora do carro e perguntou: " Pssssst, como e que se chama mesmo este lugarzinho aqui?" Se o motor do carro nao tivesse sido mantido ligado ele, certamente, teria sido linchado.O fato e que nunca houve mesmo nenhum tipo de verdadeira conexao entre as duas cidades, muito menos, que eu saiba, na area cultural, minha seara. Tenho grandes amigos nascidos la e a todos digo com ar de ( falsa) exclusividade: " voce e a melhor , ou talvez ,a unica coisa boa produzida por Juiz de Fora".Uma destas pessoas,Thais,me contou ,ha anos atras ,uma historia muito engracada, que serve como metafora perfeita para nossa constante perplexidade existencial.
La vai. Havia um sujeito muito rico na cidade mas que era analfabeto. Seu nome: Neco Venancio.Pois bem. Estava la ele no banco , em pe junto ao balcao, colocando em um cheque - atividade para a qual havia se treinado, cuidadosa e repetidamente - sua assinatura. No meio do "bordado", letra por letra, passa um conhecido, lhe da um tapinha no ombro e diz: " Oi, Neco, tudo bem ?" Logo apos responder ao cumprimento , pobre criatura perdida, olhou para o papel em que vinha com tanto trabalho escrevendo, e disse para si mesmo: "Ai meu Deus, agora nao sei se estou no Neco ou no Venancio"...Tem coisa melhor para definir nossa situacao?




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Location:Vila del Rey

2 comentários:

  1. AI QUE DELÍCIA !! TO ME DIVERTINDO COM ISSO! SIGA!BJÃO MACAU

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  2. Como filha da Manchester tambem, onde conheci Thais aos 4 anos, confirmo a historia do Neca Venancio!! E tem muitas mais para nós que temos primos, tios e avós (leia com sotaque carioca) em JF. No aniversario de 80 anos de minha avó que foi comemorado em Nova Lima, vieram todos eles...e de repente a ala de BH propos que cantassemos uma musica em homenagem a ala de JF e a unanimemente (e vilmente) escolhida foi: Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil....etc. Eles nao acharam a mesma graça que a ala de BH! :)

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